Preços do petróleo atingem os 60 dólares em meio a novos aumentos de produção da OPEP+
Os principais bancos de investimento estão a alertar os investidores australianos para um período desafiante para os mercados petrolíferos, com o Citi a prever que o petróleo Brent atinja o fundo do poço nos 60-62 dólares por barril em 2026, à medida que a OPEP+ desfaz os cortes de produção e a oferta de fora da OPEP acelera.
Os principais bancos de investimento estão a alertar os investidores australianos para um período desafiante para os mercados petrolíferos, com o Citi a prever que o petróleo Brent atinja o fundo do poço nos 60-62 dólares por barril em 2026, à medida que a OPEP+ desfaz os cortes de produção e a oferta de fora da OPEP acelera.
A perspetiva de baixa dos preços ocorre apesar das crescentes tensões geopolíticas nas principais regiões produtoras, criando um ambiente de risco complexo para os investidores em energia navegarem.
A capacidade de reserva da OPEP diminui
O grupo de produção voluntária da OPEP vai reunir-se a 5 de outubro para discutir a redução contínua de 1,66 milhões de barris por dia (bpd) nos cortes durante a pandemia. A RBC Capital Markets espera que o grupo aprove outro aumento adicional de 137.000 bpd para novembro, igualando o aumento de setembro.
A questão fundamental é que a maioria dos membros da OPEP+ (excepto a Arábia Saudita) já está a produzir na sua capacidade máxima. Quando a OPEP+ anuncia um aumento de produção, os barris efectivamente fornecidos ficam muito aquém desse número, uma vez que a maioria dos países já se encontra esgotada. Isto significa que a "capacidade ociosa" anunciada pela OPEP+ é, em grande parte, fictícia. A reserva real de oferta disponível para responder a picos ou interrupções da procura é muito inferior ao que os números oficiais sugerem, o que é positivo para os preços do petróleo, dado que o mercado está mais apertado do que parece.
Os analistas do RBC acreditam que a Arábia Saudita está relutante em cobrir permanentemente outros produtores a expensas próprias. O Reino será provavelmente cauteloso em aumentar a produção. Mas se as negociações sobre os novos parâmetros de produção da OPEP+ estagnarem, ou se os membros ignorarem os seus compromissos, a Arábia Saudita poderá recuperar os seus barris mais rapidamente.
Conflito Rússia-Ucrânia intensifica-se
Os ataques ucranianos às infraestruturas energéticas russas deverão aumentar, de acordo com diplomatas e líderes militares consultados pelo RBC. A Ucrânia já destruiu cerca de 20% da capacidade de refinação da Rússia.
A receita da exportação de energia da Rússia deu-lhe uma grande vantagem no recrutamento de soldados. Altos responsáveis militares dos EUA estimam que a Rússia possa sustentar a guerra até ao final de 2026, a menos que as suas finanças se alterem significativamente.
A administração Trump não parece estar a desencorajar os ataques ucranianos a activos energéticos russos, ao contrário da administração anterior. O RBC apurou que as autoridades estão a pressionar os aliados da NATO, como a Hungria e a Turquia, para encontrarem fontes alternativas de energia. O aumento das sanções à energia russa ainda está em discussão, apesar das preocupações com a inflação.
Stock estratégico da China
Altos responsáveis sugerem que a China tomou uma decisão estratégica para acelerar o enchimento das suas reservas estratégicas de petróleo como protecção contra interrupções no fornecimento e preparar-se para um possível confronto futuro com os EUA sobre Taiwan.
A China continua a ser um comprador prolífico de barris iranianos e russos, e um esforço sério para travar estes fluxos através de sanções secundárias ou interrupções físicas poderá pôr em perigo cerca de 25% das importações chinesas. Esta atividade de armazenagem está a apoiar parcialmente os preços do petróleo e a moderar a perspetiva de baixa, de acordo com o RBC.
Implicações para as ações energéticas australianas
Separadamente, o Citi reduziu a sua previsão de petróleo para 2026 de 65 dólares para 62 dólares por barril, com a Woodside Energy e a Karoon Energy a apresentarem as maiores revisões de lucros. Apesar da perspetiva de queda do preço do petróleo, o Citi manteve os seus preços-alvo inalterados em todo o setor de exploração e produção.
O Citigroup favorece a Santos e a Karoon Energy, com a primeira a apresentar um bom desempenho ao sair de uma fase de investimentos avultados e avançar para um maior free cash flow. A Karoon foi também destacada como a melhor opção de investimento, com um preço de 51 dólares por barril de petróleo, com fortes catalisadores previstos até 2026. Já a Beach Energy foi apontada como a mais cara, mas com a menor exposição ao petróleo.
Para o gás, o Citi aumentou a sua previsão para o Índice Japão-Coreia em 2026 em cerca de 8%, para 10,8 dólares por mmbtu. No entanto, a fraca procura asiática aponta para uma fraca perspectiva a médio prazo.
Conclusão: O mercado energético enfrenta um ambiente desafiante, onde os riscos de excesso de oferta superam qualquer vantagem geopolítica. Embora a capacidade ociosa real da OPEP+ seja inferior à anunciada devido às restrições de produção, o grupo está ainda empenhado em inverter os cortes e trazer mais barris para o mercado.