Conservadores juntam-se à reação contra a escolha de Trump para chefe das estatísticas laborais: "Não é uma fonte de informação fidedigna"

Warren Takunda

Resumo:

Até os economistas republicanos criticaram a escolha do presidente de EJ Antoni para liderar o Bureau of Labor Statistics<br><br>

A economia do Reino Unido desafiou as pressões tarifárias dos EUA no segundo trimestre, expandindo 0,3% e superando a maioria dos seus pares do G7, apesar da desaceleração face ao crescimento optimista de 0,7% observado no início do ano. O forte desempenho dos sectores dos serviços e da construção ajudou a impulsionar os ganhos, compensando a queda na indústria e noutros sectores produtivos.

Donald Trump demitiu a comissária do Bureau of Labor Statistics (BLS), Erika McEntarfer, uma economista veterana com décadas de experiência no governo federal, depois de ter alegado, sem provas, que dados oficiais de emprego tinham sido "manipulados" contra ele.

Em seu lugar, o presidente dos EUA escalou um fervoroso apoiante da sua agenda, acusado de deturpar e exagerar frequentemente as estatísticas, que anteriormente tinha instado os responsáveis de Trump a "apanhar uma motosserra" na agência que foi escolhido para supervisionar.

E.J. Antoni, economista da Heritage Foundation e colaborador do Project 2025, o projeto de direita elaborado antes da reeleição de Trump, foi nomeado pelo presidente para assumir o comando das estatísticas laborais do governo norte-americano. Não respondeu a um pedido de comentário.

A demissão abrupta de McEntarfer já tinha suscitado receios em Washington, Wall Street e muito mais além sobre a integridade dos dados oficiais do governo norte-americano. Os planos para a substituir por Antoni – confirmados horas depois de ele ter pedido ao BLS que suspendesse a publicação dos dados mensais sobre o emprego – só aumentaram a preocupação entre os principais economistas.

"Desde a apresentação seletiva de dados de datas particularmente convenientes até à deturpação de eixos para exagerar magnitudes, ele usou todos os truques possíveis e demonstrou repetidamente que não é uma fonte de informação fiável", disse Dave Hebert, economista do Instituto Americano de Investigação Económica, um think tank conservador, ao Guardian. "Pior ainda, demonstrou repetidamente que compreende fundamentalmente mal o que alguns dos dados divulgados pelo BLS realmente significam".

“ É difícil imaginar alguém a liderar eficazmente uma organização vital como o BLS sem conseguir definir corretamente os dados que está a divulgar.”

Após o fraco relatório de emprego de Julho, surgiram novos sinais de tensão económica sob a administração Trump. Na quinta-feira, o índice de preços no produtor – que mede a inflação no mercado grossista – subiu 0,9% em julho, muito acima do esperado, e o maior aumento mensal em três anos.

Mas os dados divulgados sob o governo de Antoni – que exigem a confirmação do Senado norte-americano – não serão acreditados, segundo Hebert. "Não tenho qualquer problema com alguém que apoia o presidente Trump, mas não nos podemos dar ao luxo de ter uma pessoa tão partidária que não tem credibilidade nem capacidade para gerar dados fiáveis", acrescentou.

Antoni foi fotografado numa multidão de apoiantes de Trump, à porta do Capitólio, durante a insurreição de 6 de janeiro de 2021. A Casa Branca disse à NBC News que ele era apenas um espectador, na cidade para reuniões.

É um utilizador prolífico das redes sociais e aparece frequentemente na Fox News, Newsmax e outros canais conservadores para promover as políticas e os argumentos de Trump.

Em julho de 2024, Antoni citou uma publicação no X, antigo Twitter, que aparentemente alegava que a eleição de 2020 tinha sido fraudulenta. Também ridicularizou a Reserva Federal (Fed, o banco central americano); designou a segurança social, o Medicare e o Medicaid de "esquemas Ponzi"; e lançou frequentemente críticas ao BLS, que agora deve liderar, brincando que o "L" é "silencioso". Em março, classificou as 10.000 perdas de empregos no governo federal como "um começo fabuloso".

Respondendo a um artigo de setembro de 2023 do ZeroHedge, um site libertário e de teorias da conspiração, sobre homens americanos que viajam para o estrangeiro em busca de esposas, Antoni escreveu numa publicação: “A escassez nos mercados domésticos incentiva sempre as importações. As leis da oferta e da procura não serão contornadas, em nenhum aspeto da vida”.

Nos últimos dias, Antoni também gerou controvérsia online depois de os espectadores terem notado uma pintura de um navio de guerra nazi em algumas das suas entrevistas transmitidas.

Numa entrevista em podcast com o TFTC em 2023, Antoni confirmou que a pintura era o Bismarck, utilizado pela Kriegsmarine da Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Quando questionado sobre a pintura, respondeu: "O Bismarck, sim, em toda a sua glória."

Mas foi a utilização de dados oficiais por Antoni que atraiu mais ira entre outros economistas, que sugeriram que ele descaracterizou os dados do BLS sobre múltiplos titulares de cargos e trabalhadores nativos e estrangeiros. Tentou também enquadrar revisões anteriores do departamento como parte de uma conspiração democrata sob o governo de Biden.

O "departamento de eficiência governamental" de Elon Musk "precisa de cortar o BLS com uma motosserra", escreveu Antoni no X em novembro. Pouco antes da sua nomeação para chefiar o departamento esta semana, disse à Fox News que o relatório mensal de emprego deveria ser suspenso devido a alegações de que os seus dados são defeituosos. Desde então, a Casa Branca afirmou que "o plano" é continuar a publicar o relatório, que é acompanhado de perto.

"Ele é totalmente desqualificado e o mais partidário possível", disse Stan Veuger, membro sénior do conservador American Enterprise Institute , ao Washington Post.

Daniel Di Martino, membro do think tank conservador Manhattan Institute, já tinha criticado Antoni por afirmar que a taxa de desemprego tinha sido reduzida "artificialmente". "Este é um dos muitos erros elementares que me mostram que o senhor Antoni não tem qualificações para a função de recolha e análise de dados do mercado de trabalho para a qual foi nomeado", escreveu Di Martino nas redes sociais esta semana. "As pessoas discutem as credenciais, mas o que importa é se sabe do que está a falar."

Os Amigos do BLS, um grupo copresidido por William Beach, que serviu como comissário do BLS durante o primeiro mandato de Trump, pediram ao Senado que fizesse a devida diligência na avaliação da adequação de Antoni para a função.

“A demissão injustificada da Dra. Erika McEntarfer, 16ª Comissária de Estatísticas do Trabalho, e a caracterização infundada das estimativas de emprego do BLS como ‘falsas’ e ‘fraudadas’ minaram a confiança pública na integridade do Bureau e na utilidade das suas estatísticas”, escreveu o grupo. “A próxima Comissária deve não só gerir as difíceis responsabilidades inerentes à função, mas também restaurar a confiança pública, defender a agência contra interferências políticas e acelerar os esforços cruciais de modernização em todos os programas.”

A Casa Branca não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.

Fonte: Theguardian

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